terça-feira, 30 de outubro de 2012

Nos EUA, Ações Lideram Valorização

Da Bloomberg
As ações americanas estão superando todas as grandes classes de ativos pela primeira vez em 17 anos, mesmo com a economia crescendo em ritmo mais lento e os lucros apresentando a menor evolução desde 2009.
O índice Standard & Poor's 500 (S&P 500) acumula valorização de 14% em 2012, superando os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, os bônus corporativos, as commodities, o dólar e as ações na Ásia e Europa, segundo apontam dados compilados pela "Bloomberg". A última vez em que isso aconteceu, em 1995, o S&P 500 registrava a maior valorização anual em cinco décadas. Com uma relação preço sobre lucro (P/L) próxima do patamar atual, o índice ganhou outros 93% nos dois anos e meio seguintes.
Apesar de toda a preocupação com a taxa de desemprego e o comportamento do setor industrial, os melhores ativos no ano continuam sendo as companhias americanas, depois de medidas sem precedentes adotadas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) para estimular o crescimento. Os mais pessimistas afirmam que a paralisia política vai derrubar os preços depois que as medidas de estímulo monetário se esgotarem.
"Estamos antevendo um bom crescimento dos lucros e a perspectiva de melhoria da economia, além de uma alta nos preços das ações e uma política monetária mais branda. Vemos também investidores céticos e um baixo posicionamento em ações", diz Max King, estrategista da Investec Asset Management, em Londres, que tem US$ 100 bilhões sob gestão. 
Os títulos do tesouro apresentam até agora um retorno de 3,3% no ano, em comparação a 9,9% dos bônus corporativos americanos classificados como grau de investimento e a 14% dos os títulos de dívida corporativa de alto rendimento, segundo dados do Barclays. O índice S&P GSCI de 24 commodities avançou 1,7%, enquanto que o Dollar Index, que mede a moeda americana em relação às de seis parceiros comerciais dos Estados Unidos, recuou 0,7%.
Enquanto o S&P 500 supera a maioria dos índices amplos, nove mercados acionários entre os 24 de países desenvolvidos pesquisados pela Bloomberg ganham ainda mais. O índice DAX, da Alemanha, subiu 25% com os investidores na expectativa de que as autoridades vão resolver a crise da dívida na Europa. O índice geral de ações gregas avançou 28% com a perspectiva otimista de que a Grécia vai alcançar um acordo com o FMI e os parceiros europeus para permanecer na zona do euro.
Os estrategistas de Wall Street consultados pela Bloomberg estimam que o S&P 500 deve ultrapassar seu recorde no próximo ano. 

O texto é interessante, mas gostaria de pontuar algumas observações:


1- O principal motivo das ações americanas ou qualquer outro ativo de lá subir é basicamente a emissão maciça de dinheiro pelo FED. Ao emitir dinheiro através do Q1, Q2 e Q3, o FED gera inflação nos ativos. É por isso que o ouro tem subido tanto nos últimos anos, bem como as moedas dos países emergentes.

2- No último parágrafo, o texto diz que analistas sugerem que as ações vão bater os recordes em 2013...  Nunca, nunca mesmo confie em analistas de Wall Street ou Bancos de Investimento. O negócio deles é dizer que as ações vão subir, é pra isso que ganham seus salários. É igual perguntar à um corretor de imóveis se o apartamento que vocês quer comprar vai valorizar, ele sempre dirá sim.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Conselhos


Meu avô perguntou ao meu tio uma vez: "Porque você nunca dá atenção aos conselhos dos outros?" E meu tio respondeu: "Porque a única pessoa que eu tenho certeza que está trabalhando a meu favor o tempo inteiro sou eu mesmo."

Meu tio era do contra. Trabalhou 60 anos como fazendeiro. Quando havia leilões de gado, as pessoas sempre compravam o boi gordo e bonito e pagavam o preço dum boi gordo e bonito. Já meu tio sempre comprava as vacas magras. Ele dizia: - "Não posso melhorar as vacas gordas, mas as magras eu tenho uma grande chance de torná-las saudáveis e gordas, vendendo-as com lucro."

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dividendos

A maioria das pessoas que investem na Bolsa há muitos anos, costumam comprar ações de boas pagadoras de dividendos. Empresas que forneçam serviços de energia, telefonia, água e pedágio, costumam distribuir os dividendos mais altos.

Isso pode ser uma boa estratégia de longo prazo.


A PIMCO, maior administradora de fundos do mundo, fez uma análise interessante sobre o assunto.

O gráfico abaixo demonstra qual a porcentagem que os dividendos tiveram nos retornos proporcionados pelas ações, durante uma década:



Na década de 30, o retorno das ações foi negativo, por isso os dividendos passam de 100% no retorno proporcionado. Na verdade, o único retorno que houve naquela década foi o dos dividendos, pois as ações estavam desvalorizando.

Já na década de 90, os dividendos só representaram 15% dos ganhos das ações. Isso porque essa década foi uma das que apresentou as maiores valorizações, seguidas pelo Crash de 2002.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Howard Marks


The greatest risk doesn’t come from low quality or high volatility. 
It comes from paying prices that are too high. 
This isn’t a theoretical risk; it’s very real.


terça-feira, 9 de outubro de 2012


Perda de credibilidade de alguns setores 


afugenta investidores



André Rocha - valor.com.br 
A contabilidade é instrumento primordial para a análise fundamentalista, pois permite a gestores e analistas avaliarem a situação patrimonial das companhias. Contudo, a fragilidade das demonstrações contábeis de alguns setores tem afugentado os investidores, especialmente os de bancos médios e incorporadoras.
..."investidores têm fugido de alguns setores, como os de bancos de menor porte e incorporadoras. A ocorrência de operações questionadas pelo Banco Central no PanAmericano (BPNM4) e no Cruzeiro do Sul criou um contágio sobre os demais. Assim, vários bancos médios estão negociando abaixo do valor patrimonial por ação, como o BIC (BICB4), Sofisa (SFSA4) e Indusval (IDVL4), por exemplo."
É verdade que a situação do setor bancário europeu contribui para essa situação, mas não há como negar que a falta de confiança dos investidores nas demonstrações contábeis tem contribuído para essa situação. Isso fica claro quando lemos a reportagem “Empresas brasileiras ficam de fora da corrida por fundos de alto risco”, publicada no Valor de 02/10/12. Andrew Feltus, vice-presidente sênior da gestora Pioneer Investments, afirma: "Os bancos são mais difíceis de analisar, não são muito transparentes como uma companhia exportadora de carnes ou qualquer outro produtor em que podemos ver o que elas realmente produzem para mensurar o seu valor". Embora a reportagem seja dedicada a fundos de dívidas corporativas, creio que os gestores de ações possuem visão parecida.
Outro setor cujas demonstrações contábeis perderam credibilidade é o de incorporação imobiliária, devido aos seguidos estouros de orçamento de obras, significando que as estimativas dos dirigentes estavam muito otimistas. Isso explica o porquê de diversas ações estarem negociando abaixo do valor de liquidação (“net asset value - NAV”), como Brookfield (BISA3) com 0,9 vez, Gafisa (GFSA3) com 0,6 vez, PDG (PDGR3) com 0,9 vez, Rossi (RSID3) com 0,7 vez, entre outras. O que é NAV?  Ele representa o valor que os acionistas receberiam hoje caso a empresa fosse liquidada após se apurar os ativos e se deduzir as despesas. Considerando que a empresa ainda possui projetos a serem lançados no futuro, não faz sentido que o preço da ação seja inferior ao NAV. Isso somente ocorre em situações de crise. Dessa forma, o fato de empresas com excelente liquidez, como as citadas acima, negociarem abaixo do preço de liquidação somente confirma que as demonstrações contábeis dessas empresas não têm transmitido confiança aos investidores.
As companhias conseguirão retomar a confiança dos investidores? Acredito que sim, mas não será tarefa fácil. Como diz o ditado: a confiança leva anos para ser construída e minutos para ser destruída.

André Rocha é analista credenciado pela Apimec e atua há 20 anos como especialista na avaliação de companhias listadas na bolsa.