sexta-feira, 27 de julho de 2012

É o fim da Indústria?


Proteger indústria é política míope, diz Edmar Bacha
Melhores momentos da entrevista de Edmar Bacha para Folha.
Quando o Brasil começou a se desindustrializar?
A partir de 2005, o Brasil foi beneficiado por uma enorme entrada de dólares, provinda da melhoria dos preços das commodities que o Brasil exporta. É uma grande bonança externa. E o efeito colateral dessa bonança é a desindustrialização.
É como uma doença?
Eu não acho que, necessariamente, seja uma doença. Você apenas alterou o padrão de produção da economia. Não tem ninguém doente. Veja o Brasil de hoje. A mão de obra está muito bem, superempregada e com salários muito altos, como nunca teve. O Brasil vai muito bem.
Mas economistas sustentam que o crescimento está travado porque o setor industrial está em crise.
A economia está em pleno emprego. Por que a popularidade da Dilma está tão alta? Do ponto de vista do bem-estar, as pessoas estão muito bem. 
Que setores poderiam crescer e estão parados?
A construção civil, todo o complexo agro-minero-industrial. Mas esses setores dependem muito de infraestrutura, e o que ocorre é que estamos travados por falta de infraestrutura, por falta de mão de obra qualificada.
Não vale a pena o governo tentar recuperar a indústria?
Não através do protecionismo, do crédito subsidiado, nem de medidas pontuais.
Estamos falando de recuperar a capacidade de concorrer e de termos uma indústria produtiva. Afora imposto, e de fato os impostos são extremamente elevados, uma das maiores travas para recriar a indústria é a política do conteúdo nacional.
O governo, em vez de resolver, está ampliando. Eu sou a favor de acabar com a política de conteúdo nacional.
Não é câmbio valorizado e juros altos?
As pessoas acham que mexendo nisso vão resolver o problema. Isso é um equívoco. É preciso entender como isso ocorreu. Não é um monte de gente malévola que apreciou o câmbio e botou os juros na lua.
Mas, ao focar juros e câmbio, perde-se a dimensão dos problemas reais e substantivos, que provocam a perda de competitividade.
A reação à crise agravou a desindustrialização?
A desindustrialização não veio porque as pessoas consumiram. Se, em vez de consumir, tivéssemos investido, importaríamos mais ainda. Não acho que veio daí.
As pessoas dizem que o investimento está fraco porque a indústria está fraca. Mas foi justamente quando a indústria enfraqueceu que o investimento aumentou, entre 2005 e em 2011, quando passou de 15% para 20% do PIB.
Qual é a sua explicação?
A indústria é só 15% do PIB. E os outros 85%, que vão muito bem? O Eike Batista deve ter investido.
Então, quais são os problemas reais da indústria?
A indústria é excessivamente tributada no Brasil, comparada com as indústrias estrangeiras. Isso é um problema. Outro é que a indústria tem pouca flexibilidade de comprar insumos de fora por causa dessa política de requisito nacional e das altas tarifas cobradas na entrada de bens de capital e insumos.
O governo não deveria salvar certos setores, como têxteis e calçados?
Existem muitas indústrias de tecidos no Brasil que vão bem.
Essa política protecionista, de escolha de vencedores, constrange a capacidade produtiva a ficar aqui dentro, nesse rame-rame. É preciso olhar além da avenida Paulista [em alusão à Fiesp].

EDMAR BACHA foi presidente do IBGE, do BNDES e integrou o grupo de formuladores do Plano Real, em 1994. 


Mais uma vez fica claro, é a burocracia a principal causa do atraso brasileiro.

Corrupção, juros altos, impostos elevados, tudo isso atrapalha. Mas nada é pior que a "burrocracia".




quarta-feira, 25 de julho de 2012

50% das construtoras está com desconto na Bolsa


As construtoras estão entre as empresas com maiores taxa de desconto na Bolsa. Isso aconteceu por dois motivos:
1- Perspectivas negativas pro setor: muitas pessoas estão com medo de uma bolha imobiliária ou de um desaquecimento geral do mercado;
2- A regra contábil utilizada pela maioria destas construtoras, que de forma fantasiosa, lança como receita o valor de um aparatamento que ainda nem começou a construir.

Apesar destes fatores o mercado imobiliário é bastante sólido no Brasil. Ainda há muito mercado e pessoas que não tem casa própria. 
Vale ressaltar que a Bolha americana aconteceu principalmente porque as pessoas estavam comprando casas para especular e não para morar. Algo parecido com aqueles que acham que vão comprar na planta e vender com 100% de lucro dois anos depois.

Contudo acredito no futuro setor. Há financiamento e há clientes procurando imóveis. Os preços podem até cair, mas não será nada drástico. 
Minha aposta específica é na Gafisa, com um desconto de 57% sobre o P.L.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Promoção: leve 2 pague 1

A consultoria Economática fez uma amostra com 231 companhias da Bolsa (com mais de 300 milhões de Patrimônio Líquido - PL) e constatou que 32% estavam sendo negociadas abaixo de seu PL. Em outras palavras, estão sendo vendidas com desconto.


Isso é Value Investing, comprar uma empresa com desconto. E se 32% das empresas estão abaixo do valor patrimonial, fica fácil fazer Investimentos de Valor.


A situação é bem simples, basta verificar algumas coisas:


1- A empresa que estou comprando está sendo negociada com desconto (sobre o PL ou sobre o Valor Instrínseco)?
É bem provável que a maioria esteja no presente cenário. Na minha opinião há apenas algumas exceções negativas, como: BR Malls ou BR Properties.

2- Essa empresa é boa, está preocupada com o acionista, em dar lucro?  
Exemplos bons: Ambev, Bradesco. (existem para dar lucro ao acionistas).
Exemplo ruins: Banco do Brasil, Petrobrás. (existem para servir os interesses dos políticos no governo).


3- As perspectivas da empresa são boas? Ela deve continuar sendo rentável ou está em decadência?
Exemplo bom: portos, infra-estrutura em geral.
Exemplo ruim: setor têxtil, indústrias que tenham competição direta com a China.


Se o desconto for grande, uma análise simples como essa já é suficiente.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Romântico

Chamar de investidor alguém que está comprando e vendendo o tempo todo é a mesma coisa que chamar de romântico alguém que faz sexo casual frequentemente.

Warren Buffett

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ben Graham - O Sr. Mercado

Imagine que você tem metade de uma empresa que vale 10.000. A outra metade pertence à seu sócio, o Sr. Mercado

Ele é muito prestativo, todo dia ele vai até você e lhe faz uma oferta pela sua parte na empresa. 

Às vezes a idéia de valor que ele tem parece plausível e justificada, pelos avanços da empresa e perspectivas. Na maioria dos dias contudo, o Sr. Mercado comporta-se como um bipolar, influenciado pelos sua ganância ou medo

Hoje está eufórico e lhe oferece 10.000 pela sua parte no negócio. Amanhã está com medo de perder dinheiro e acha que sua parte vale apenas 1.000.

Se você é um investidor ou empresário prudente, não vai deixar as avaliações do Sr. Mercado influenciar a sua visão de quanto vale a empresa. A menos que seu objetivo seja negociar ou concorde com ele. 

Pode-se aproveitar a situação e vender quando ele fizer um preço ridiculamente alto. Ou então comprar a parte dele quando fizer um preço muito baixo.

No resto do tempo, será mais inteligente ter suas próprias opiniões de quanto vale a empresa e não se deixar impressionar pela euforia/medo do Sr. Mercado.

Benjamin Graham, O Investidor Inteligente.

domingo, 8 de julho de 2012

Warren Buffett


A causa mais comum de preços baixos é pessimismo – algumas vezes generalizada, outras específicas com algum setor da economia. Nós queremos fazer negócios em um ambiente como esse, não porque gostamos pessimismo, mas porque nós gostamos dos preços que produz. É o otimismo de que é o inimigo do comprador racional.

Nada disso significa que uma empresa ou ação é uma compra inteligente simplesmente porque é impopular. Essa abordagem é tão tola como simplesmente seguir a multidão. O que é necessário é pensar, ao invés de fazer uma pesquisa de opinião. Infelizmente, a observação de Bertrand Russell sobre a vida em geral aplica-se com uma força incomum no mundo financeiro: "A maioria dos homens preferem morrer a pensar. Muitos o fazem".

Warren Buffett, 1990 Letter to Shareholders.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Gafisa X Alphaville vai pra Arbitragem

A disputa entre Gafisa e Alpahville foi para arbitragem.

A Gafisa quer emitir ações com valor à R$ 5,11 e o Alphaville quer que o valor seja R$ 3,70.

Caso Alphaville ganhe a disputa, seus donos irão tornar-se também donos da Gafisa.

O pedido da Alphaville é bem fantasioso e, no meu entendimento, não procede nenhum pouco.

Contudo, o grande erro aqui é da administração da Gafisa. A empresa tem R$ 900 milhões em caixa.
Pagando em dinheiro seriam apenas 300 milhões e nenhum acionista seria diluído.

Ao pagar em ações ela estará gerando um prejuízo gigantesco ao atuais acionistas, causando uma diluição por um preço vil.


Minha conclusão final sobre o assunto: a Gafisa, hoje, é uma empresa sem dono. Quem manda nela são os Diretores. E para os Diretores, pagar em dinheiro seria muito ruim.  


Como eles não têm ações da empresa, se houver diluição dos acionistas isso não mexerá nos seus bolsos. Podem emitir quantos milhões de ações quiserem.

O foco deles é no lucro. Eles só ganham bônus se o lucro aumentar. Seja esse lucro de R$ 0,01 por ação ou R$ 10,00 por ação. Por isso querem ficar com o dinheiro para tentar fazer mais negócios, novos prédios, novos empréstimos... 


Warren Buffet adora empresas que compram suas próprias ações. Isso é diluição inversa: concentração. Exemplo clássico: Coca-Cola.


Se hoje a Gafisa usasse seu caixa pra comprar ações dela mesma, os ganhos seriam absurdos aos acionistas. Ela estaria comprando algo que vale R$ 6,00 por R$ 2,50.


Mas daí não tem bônus pra Diretoria no final do ano...