quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Nossa Tese de Investimento


Achei esse texto tão interessante que resolvi traduzir. Segue:

Research Affiliates - Chris Brightman, Jonathan Treussard, Jim Masturzo.


Nossa Tese de Investimento


Imitar o rebanho faz tudo retornar à média — Charlie Munger

Antes de descrever cada uma das nossas teses centrais, vamos começar como o nosso princípio central de investimentos:

A maior e mais persistente oportunidade de investimentos é que, no longo prazo, tudo retorna à média.

De forma simples, comprar ativos que estejam depreciados (e consequentemente rendendo altos dividendos) e ter a convicção de segurar esses ativos/posições, mesmo que por períodos extensos, permite aos investidores obter retornos mais elevados correndo menos risco. O lado ruim é o custo emocional elevado. Esse princípio central é a conclusão das nossas três teses abaixo.

1. As preferências dos investidores vão além de risco e retorno.

A psique humana é rica e complexa e muito difícil de ser capturada num livro de finanças. Sim, os investidores podem medir a proporção risco/retorno. Contudo, nossa experiência mostra que os investidores são afetados pelo desejo de acompanharem o rebanho e o medo de ser considerado um pária. As pessoas também sentem orgulho de possuir ações de empresas bem sucedidas e evitam aquelas que recebem mídia negativa. Nós achamos isso natural ao ser humano, e nossa experiência tem mostrado que esse é o comportamento padrão. Os novos estudos sobre comportamento humano também mostrado que essa é a realidade.

2. Os preços variam ao redor do valor justo.

"No curto prazo o mercado é uma máquina de popularidade, mas no longo prazo é uma balança." - Benjamin Graham

Devido à complexidade e variação das preferências dos investidores, os ativos não tem sempre preços justos. Ao invés disso, os preços podem ficar irracionais por muito tempo. Por dizemos que existe ruído nos preços. Mas nós podemos observar que ruídos levaram os preços dos ativos para onde estão, tornando mais fácil visualizar quais ativos estão caros ou baratos a cada tempo. Ao longo do tempo, esperamos que os ativos voltem à sua média, próximos ao seu valor intrínseco, mesmo com novos ruídos sendo incluídos. Esse retorno à média é o que inclina a balança à favor de comprar na baixa e vender na alta, ou ao menos a vender no preço!

Que suporte podemos dar para essa tese? E qual a magnitude em termos de performance. Na figura abaixo, nós reproduzimos a análise de De Bondt and Thaler’s (1985) sobre retorno futuro de perdedores e vencedores recente, no mercado de ações.

Esse é um dos testes mais diretos sobre ruído e retorno à média. Também mostra resultados expressivos. Escolhendo ações pelo retorno nos últimos 3 anos (e definindo as ganhadores e perdedoras), vemos que na média, o portfólio que compra as perdedoras supera o das vencedoras em quase 25% num período de três anos. Performances deste tamanho não são centavos na frente do caminhão ou apenas notas de 20 na calçada. São retornos consideráveis.


Então com tanta vantagem à mostra e tantas pessoas dedicadas à tentar obter retorno nos mercados financeiros, como podemos acreditar que nós vamos chegar nos melhores ativos antes dos grandes gestores de recursos?

3. Falta de convicção (e/ou regras de legais e de governança) restringe investidores de explorar as situações que geram retornos de longo-prazo.

"... é o investidor de longo prazo, aquele que mais promove o interesse público, que na prática será o mais criticado... Pois a essência do seu comportamento é a de ser excêntrico, não-convencional e imprudente aos olhos da opinião média. Se ele for bem sucedido, isso apenas irá confirmar a opinião quanto sua imprudência; e se tiver prejuízos no curto prazo, ele não receberá misericórdia. A sabedoria mundana diz que é falhar convencionalmente é melhor para a reputação do que ganhar não-convencionalmente" - J.M. Keynes

Pense um pouco sobre essa citação de Keynes e então pergunte a si mesmo: Quando a situação for crítica, quais ativos serão escolhidos por indivíduos, bancos e comitês, ainda mais se suas estratégias diverem desapontado nos últimos anos? Que comitê ou consultor vai arriscar ser visto como não-convencional, imprudente ou excêntrico após ter sofrido alguns anos ruins?

É nossa crença que a falta de convicção dos indivíduos, e como isso se reflete nas instituições controladas por indivíduos, inibe a chance de tirar vantagem dos preços baixos que tem perspectiva de se recuperarem no longo prazo. São essas oportunidades que queremos explorar.

Essas teses nos levam de volta ao princípio inicial: A maior e mais persistente oportunidade de investimento é que, no longo prazo, tudo retorna à média.

“Quem vive de esperança morre em jejum. Não existe ganhos sem sofrimentos.” — Benjamin Franklin

Por isso determinação é tão importante quanto habilidade ou visão. Determinação é crucial na nossa capacidade de obter retornos acima da média ao longo do tempo, através da compra de ativos com preços baixos/alto rendimento e venda de ativos com preços altos/baixo rendimento. Esta decisão permite-nos manter nosso curso e até mesmo rebalancear, aumentando nossa parcela em ativos que continuam a cair de preço. Como se pode imaginar, seria difícil nos amarrar ao mastro sem dispositivos analíticos para suportar nossas crenças de investimento, especialmente um mapa do que o futuro reserva para o cenário de investimentos. Para nós, parte do roteiro é a expectativa de retorno de longo prazo dos mercados e ativos. Estamos disponibilizando isso no nosso website de Alocação de Ativos.

Não é surpresa também que essas expectativas são criadas por nós para informar nosso comportamento dentro de nossas idéias de investimentos, representando nossas previsões para o futuro. Não achamos que o retorno dos mercados nos próximos 10 anos será exatamente aquele que previmos. Ao contrário, não achamos que esse será o caso. Contudo o que estamos prevendo é aquilo que encaramos como mais provável de acontecer. Armados com convicção e alguns dados, acreditamos na nossa habilidade de ajudar os investidores à conseguir a melhor relação risco-retorno no tempo.