quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ainda Petrobrás

Meu último post falava sobre como a Petrobrás está barata em relação à seu Patrimônio Líquido. A diferença é exorbitante, principalmente numa empresa de petróleo.

Contudo, isso não significa que a empresa está realmente barata. Principalmente porque, é difícil avaliá-la  sob uma análise de Fluxo de Caixa Descontado. Simplesmente porque não há como saber se irá bem ou mal no próximo ano.


Como se vê, a ingerência do governo está destruindo a empresa, causando uma queda de 36% do lucro. Esse é o principal problema.
E no ano quem vêm? O governo vai forçar a venda de gasolina abaixo do custo, ou vai deixar ela à valor de mercado?

Fica ainda mais visível quando se analise o Lucro por Ação sofrendo uma queda vertiginosa.


A cotação das ações que já chegou à R$ 52 hoje está 67% mais baixa, em R$ 17,50.

E um último gráfico, talvez o mais absurdo de todos:











Somente uma empresa quebrada ou com gravíssimos problemas é negociada abaixo do valor patrimonial. É óbvio que Petro vale mais do que está cotada.

Contudo resta à dúvida: o governo vai deixar a Petrobrás ser uma empresa e agir como tal, ou vai manter o preço da gasolina em patamares venezuelanos para ganhar a próxima eleição?

Até quando os acionistas da empresa vão pagar para que os outros tenham gasolina barata?

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Pechincha: R$ 1,00 por apenas R$ 0,65


Petrobras vale na Bolsa 65% de seu patrimônio, menor nível desde 1999

As recentes quedas no valor das ações da Petrobras fez com que o valor de mercado da companhia voltasse ao nível de 2009 e atingisse apenas 65,5% do seu patrimônio, segundo levantamento da Economatica divulgado nesta quarta-feira (6).
O valor de mercado atual da petrolífera brasileira é R$ 224,8 bilhões, mesmo nível de 20 de janeiro de 2009 --antes da descoberta do pré-sal.

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1226771-petrobras-tem-menor-relacao-entre-valor-de-mercado-e-patrimonio-desde-1999.shtml

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Afogando a Petrobrás


Na Petrobras, mais é menos

Folha, 30/01/2013.



A novela do aumento da gasolina, decretado nesta semana pelo governo, expôs com clareza como a política econômica brasileira hoje é capaz de subverter as leis mais básicas da economia e da gestão.
A explosão do consumo de combustíveis no Brasil rendeu enormes prejuízos à estatal que domina o mercado nacional de combustíveis. É isso mesmo, quanto mais a Petrobras vende gasolina, maior o seu prejuízo.
A explicação é simples. Como falta ao Brasil capacidade de refino, temos que importar gasolina. Como os preços do combustível são subsidiados pelo governo, a Petrobras tem de vender a gasolina que importa com prejuízo.
Mesmo com o reajuste desta semana, analistas calculam que a perda da Petrobras ainda é de 7% a 12% no preço da gasolina e de 12% a 15% no diesel. A perda da Petrobras com o subsídio era estimada em cerca de R$ 2 bilhões ao mês. Agora, após os reajustes, passaria a R$ 1,2 bilhão por mês. Como diria Paulo Francis, velho inimigo da nossa maior empresa: waal!
A política de combustível subsidiado não só afundou o resultado da Petrobras como destruiu a antes promissora indústria de biocombustíveis, incapaz de competir com a gasolina barata subsidiada. Ou seja, o governo gastou dinheiro para incentivar o etanol e depois gastou dinheiro para destruir o etanol. E mais: as perdas recorrentes comprometeram o plano de investimentos da petrolífera bem no momento em que ela (e o país) precisam dar início à custosa e arriscada exploração do pré-sal. Ou seja: o governo deu de presente à estatal o monopólio de operar as reservas do pré-sal, mas ao mesmo tempo minou sua capacidade de fazê-lo.
É uma proeza do chamado desenvolvimentismo, levar a Petrobras, uma das maiores petroleiras do mundo, a perder dinheiro na era em que o petróleo sustentou seu maior patamar, no momento em que seu mercado interno e cativo explodiu e depois de ganhar reservas potencialmente incríveis para explorar.
O mercado olhando o óbvio puniu severamente a ação da empresa, que serve de reserva não só para o governo, mas também para milhões de trabalhadores brasileiros.
E tudo isso para quê? Não está muito claro, mas parece que para segurar a inflação sem precisar mexer nos juros para cima, já que outro grande feito do desenvolvimentismo foi criar a taxa de juros que só cai.
Se o governo fez isso com a maior empresa do Brasil numa conjuntura em que ela deveria estar lucrando e investindo como nunca, imagine o que pode fazer com a economia do país.

Sérgio Malbergier é jornalista.