quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Entrevista Luis Stuhlberger

Luis Stuhlberger, que administra uma das famílias de fundos de investimentos mais bem-sucedidas do País, prefere não dizer se está otimista ou pessimista. 

O reflexo da mudança na visão de Stuhlberger nas carteiras de investimentos dos fundos administrados por ele se deu principalmente pela compra de ações brasileiras - cuja participação havia caída para 8%, mas voltou recentemente para 13%. 

"Já estive expressando nos meus fundos uma visão mais negativa do que hoje. Isso não quer dizer que estou otimista. Acho apenas que a gente vai ganhar um tempo. O Brasil ainda melhora um pouco antes de piorar. Nosso modelo de desenvolvimento é ruim, mas a gente tende a ter um ‘swing’ (oscilação) de discreta melhora. Estou me posicionando para isso. A piora na percepção do Brasil aumenta o prêmio, aumenta a angústia, mas pelo menos já serviu para alguma coisa. Pelo menos, o governo acordou para algumas questões. Estávamos assim há quatro, cinco anos e de repente destravou Libra, destravou Galeão, destravou Confins, estradas. O governo acordou para dar um certo ‘push’ nessa agenda. Você não conserta o modelo totalmente, mas joga o muro onde você vai bater para mais longe."

via Estadao

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Onde estamos?

A questão mais difícil no mundo dos investimentos é saber onde estamos agora.
Estamos no meio de uma bolha? Estamos no fundo do poço?

Depois que o momento passa fica muito fácil julgar, mas a verdade é que é impossível saber quando estamos no fundo do poço ou no pico da montanha. É só olhando para o passado que se consegue ver a situação mais ampla.

Esse é o grande debate do momento nos EUA. A maioria dos investidores de valor estão guardando grandes quantidades de dinheiro. Seth Klarman está devolvendo dinheiro à seus investidores. James Montier também está com grande parte do portfolio do fundo em cash.

Vou mostrar apenas 2 gráficos que falam por si.

O primeiro é o Shiller P/E.  Robert Shiller ganhou o nobel de Economia agora por ter previsto que os mercados tem bolhas e algumas são previsíveis. Ele criou o seu próprio índice de Preço/Lucro (Price/Earnings). A média do índice é de 16x o lucro e no momento estamos em 25x. Não tão alto quanto 2000 ou 2007, mas muito mais alto que a média.



O segundo gráfico é do Bank Of America e mostra quem está comprando e vendendo no momento. Embora ele seja de julho/13, percebe-se que o grande movimento de compras de ações nos EUA não são os grande investidores, mas o pequeno, o varejo. 





















Honestamente, não sei onde estamos. Que as ações estão sobrevalorizadas, é óbvio, mas isso não quer dizer que uma implosão do mercado é eminente.  E mesmo assim, algumas pechinchas, volta e meia aparecem no radar.

Estou mais na onda de Warren Buffett e Howard Marks. Movendo-me pra frente, com grande cuidado. E tentando ficar com pelo menos 50% guardado para investir na hora da tempestade.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Howard Marks

Ontem aproveitei para ler o último memorando de Howard Marks, "The Race is On", de novembro/13.

Alguns questões que me chamaram a atenção:

Agora estamos vendo uma subida na tomada de riscos. Começou surpreendentemente cedo após a crise, graças aos Bancos Centrais que depreciaram os retornos dos investimentos seguros.
A tolerância ao risco e a alavancagem ainda não chegaram ao patamar pré-crise de 2008, mas não há dúvidas de que o risco está crescendo muito.
Na Bloomberg, em 19/11/13, um ananlista escreveu que as ações continuarão a subir simplesmente porque estão subindo. Quando as pessoas param de prestar atenção aos funadamentos, é um presságio que devemos nos cuidar.
 Eu acredito piamente que a coisa mais arriscada no mundo dos investimentos, é acreditar que não existe risco.

Em resumo, acredito que quando investidores tomam mais risco - seja por excesso de otimismo ou porque são obrigado à isso (como é o caso agora) - eles esquecem de tomar os cuidados necessários. Isso é ruim para eles. Mas se nós não percebemos que isso está acontecendo, também pode ser ruim pra nós.
E de onde vem o risco? O maior risco não são as empresas, debêntures ou títulos. O maior risco é quando os preços são muito altos em relação aos fundamentos. E como os preços ficam altos? Principalmente porque as atitudes dos participantes dos mercados os levam pra lá.

via Oaktree Memo





terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Palestra de Buffett na Universidade de Maryland, em 15/11/2013

No último dia 15 de novembro, Buffett fez um Q&A com alunos do MBA da Universidade de Maryland. Seguem as anotações do diretor do curso PhD Dr. David Kass: 




Question: No passado, você atribui 85% da sua forma de investir à Benjamin Graham e 15% à Philip Fisher. Esse percentual mudou? 


Warren Buffett: Eu desenvolvi minha estratégia de investimento sob Graham. Fui a Columbia e aprendi com Graham. Com a abordagem de Graham, você não pode perder dinheiro ao longo do tempo . É muito de natureza quantitativa , e você tem de fazê-la razoavelmente bem. 
Por outro lado, ele tem menos aplicação conforme você foca em empresas maiores, com grandes somas de dinheiro. É melhor comprar empresas maravilhosas, a preços justos do que as empresas médias a preços baixos. 

Com a abordagem "guimba de charuto", você pode encontrar um charuto desagradável no chão, com uma baforada sobrando, acendê-lo e você terá uma baforada grátis. Você pode continuar fazendo isso e obter muitas baforadas grátis. Essa é uma abordagem, é o que eu fiz por muito tempo. Olhei para ações muito baratas quantitativamente. 
Após a exposição ao Fisher e Charlie, eu comecei à procura de melhores empresas. Anteriormente eu estava fazendo as duas coisas. Agora estamos à procura de boas empresas, não apenas empresas baratas. Ferrovias são enormes, e eles vão ser um bom negócio daqui a 10 anos e daqui a 100 anos. Burlington Northern agora é ganhar 6 bilhões dólares antes de impostos, em comparação a US$ 3 bilhões antes que nos a comprássemos. Estamos movendo-nos muito para Fisher e menos Ben Graham, porque estamos trabalhando com grandes quantias. Com quantias menores, estaríamos olhando para melhores margens e ações mais baratas. 

Quando eu saí da escola, estudei cada página do manual da Moody´s. Quando cheguei na página 1433 descobri que as melhores pechinchas estavam na parte de trás. Companhia de Seguros Ocidental, em 1951, estava ganhando $ 29,09 por ação, um ano antes de 21,66 dólares. O preço da ação estava sendo negociado entre $3 e $13 nos últimos 12 meses. Quando eu vi a ação, o preço era de $16, menos de 1x o lucro. 
Há alguns anos atrás, em 2004, alguém me disse que eu deveria olhar para a Coréia. Eu tenho um livro do Citigroup, que tinha uma empresa por uma página. Descreve todas as empresas de capital aberto na Coréia. Li ele e encontrei cerca de 20 empresas (ex. Day-Han moinhos de flores) que tinha valor contábil, lucro por ação, e títulos. Não lhe dizia nada sobre a ação até que olhasse para o preço. Encontrados cerca de 20 negócios, em uma tarde e comprei um pouco de cada um deles, mas não sei o suficiente sobre todos eles para investir pesado neles. Se você comprar 20 ações que vendem a 2 vezes os lucros, você vai ganhar dinheiro. Isso é Ben Graham e você pode ganhar dinheiro fazendo isso. Se você está trabalhando com mais dinheiro, você tem que fazer estilo Fisher/Charlie e comprar grandes empresas. A Berkshire agora procura por grandes empresas, muito fortes. Como a Nebraska Furniture Mart - comprada em 1983 e  provavelmente ganhando 20 vezes mais agora. Charlie me disse - " Você nunca vai discordar de mim, porque você é inteligente e eu estou sempre certo".


quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Antifragile

Nassim Taleb, em seu livro Antifragile, diz:

"O psicólogo Gerd Gigerenzer tem um pensamento simples. Nunca pergunte ao seu médico o que você deveria fazer. Pergunte o que ele faria se estivesse na sua situação. Você ficará surpreso com a diferença na resposta."

Essa questão é muito interessante e vale uma reflexão.

Não é só com médicos que devemos ter essa forma de pensar, mas com todo tipo de profissional pelo qual se paga por conhecimento. Sempre que buscamos conselhos ou alguém os dá de graça, devemos levar em conta esse tipo de consideração: o que você faria se estivesse no meu lugar.
E ainda acho que deve ir um nível além: E porque faria isso? Por que a pessoa pensa dessa forma?


Warren Buffett cita muito essa frase de Bertrand Russell:
Alguns homens preferem morrer à pensar; e muitos fazem exatamente isso.


quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Ótimas empresas

Considerações de Tom Murphy (Cap Cities) sobre como identificar ótimas empresas:

1) Elas são escassas;
2) Tem um caminho claro e longo para crescer;
3) A concorrência é limitada;
4) Não é intensiva em capital ou mão-de-obra;
5) Pouco controle governamental;
6) Tem bons administradores.