segunda-feira, 3 de agosto de 2015

De volta

Já faz tempo que não posto nada. Tenho dedicado à maior parte do meu tempo para minhas empresas e o que sobra tenho gasto lendo livros, então não sobrou muito tempo pro blog.

Há também o fator da atual situação do nosso mercado: a coisa está tão feia que não há muito o que fazer. A única aposta boa hoje é comprar dólar e juros. 

Não tenho me sentido muito confiante para investir em ações, embora algumas empresas já estejam parecendo extremamente baratas. Talvez até por ter me concentrado em outras questões.

Contudo, acho que estamos nos aproximando do momento em que nossa bolsa vai mudar a tendência.  Já caímos demais, tem muita coisa barata.
Lógico que não sei quando exatamente isso vai acontecer.

O mais importante é fazer a lição de casa, avaliar o valor das empresas e, caso ela esteja bem barata, ter sangue frio e investir.

Com diz o famoso investidor Seth Klarman:

Nosso trabalho consiste em tentar pegar facas que estão caindo, sem cortar "muito" a mão.


segunda-feira, 15 de junho de 2015

Mungerism


"Eu não conheço nenhuma pessoa de sucesso que não leia muito. Eu suspeito que seja possível ler em computadores e ter benefícios, mas duvido que funciona tão bem quanto ler algo em papel.
Acho que pessoas que fazem mais de uma coisa ao mesmo tempo pagam um preço muito alto. Eles acham que estão sendo super-produtivos mas eu vejo que, fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo, você não consegue pensar em nada profundamente. Você está dando uma vantagem à seus concorrentes que não deveria e o pior é que hoje quase todos estão sendo multi-tarefas.
Concentre-se muito naquilo que é importante, eu jamais consegui ter sucesso em algo sem fazer isso. Eu não tive sucesso na vida por inteligência. Eu tive sucesso porque consigo me concentrar por muito tempo."

Charlie Munger


domingo, 14 de junho de 2015

Incentivos


Incentivos motivam as previsões econômicas de Wall Street à sempre serem otimistas sobre o futuro (assim como análises de ações).
Mas para a mídia e blogs, o incentivo é para que sejam sempre pessimistas, porque notícia ruins aumentam os clicks. (por isso a prevalência da imprensa marrom, ou sensacionalista) 


via @calculatedrisk

terça-feira, 5 de maio de 2015

CHINA

Acabo de voltar de uma longa viagem de turismo à China. 

Já tinha ido ao país à negócios 10 anos atrás e agora voltei para conhecer um pouco mais sobre como funciona esse gigante. Seguem minhas impressões:

PAÍS

A China, em mandarim, é chamada de Império do Meio. Isso porque eles acreditavam que o país estava localizada bem no meio do mundo.

As cidades são incríveis, infra-estrutura extraordinária, tecnologia e riqueza. Viadutos, metro, arranha-céus.

As cidades são muito organizadas. Mesmo Pequim e Shangai que tem mais de 20 milhões de habitantes são limpas, organizadas e não tem nem uma fração dos engarrafamentos de SP ou RJ.
As cidades grande tem 20MM de hab. As médias próximo de 10MM. As pequenas 3 milhões.

O salário mínimo é +ou- 1.000 Yuan. Imposto de Renda chega a 45%, mas pelo que entendi sonegação é generalizada. 

Já o campo é precário, a maior parte é agricultura manual de subsistência. Das 1.3 bilhões de pessoas, 700 milhões ainda estão no campo.

1 em 10 pessoas do mundo é um fazendeiro chinês.

CONSTRUÇÕES

Construção em nível frenético. Nunca vi tantos guindastes em minha vida.

Viagem 1.500 km num trem bala entre Beijing e Xi´An. Nesse trajeto vi milhares de prédios sendo construídos. Rodovias de 3 ou 4 pistas com quase nenhum carro rodando. Viadutos que pareciam não ligar nada.

Apesar disso ter me dado a impressão de bolha, metade do país ainda deve migrar do campo para as cidades, ainda há muito por crescer.

O preço do m2 na periferia é próximo de 4.000 Yuan. Achei a relação próxima com a do Brasil.


CORRUPÇÃO E NEGÓCIOS

As maiores empresas são estatais. Todos os bancos e a maioria das construtoras.

A corrupção é endêmica, mas em níveis bem inferiores ao Brasil. Apesar de roubar eles estão entregando.

Para abrir uma empresa é necessário um parceiro chinês. Embora a lei não fale isso, sem o parceiro será muito difícil vencer a grande burocracia chinesa.

Para quem é membro do Partido Comunista, é fácil conseguir um cargo de alto escalão e enriquecer ao estilo Pedro Barusco.

EDUCAÇÃO

A educação é prioridade e a evolução é visível.

A geração com 60 anos não sabe escrever, talvez leia alguma coisa.
A geração com 30 anos sabe ler e escrever.
A geração com 05 anos já tem inglês obrigatório no colégio.

Eles estão no 1º lugar mundial de matemática. Contudo o foco é praticamente este. Geografia e história mundial não são prioridades. Muitas pessoas não sabiam onde era o Brasil.

GOOGLE

O Google é bloqueado na China. Nada que é do Google funciona lá, nem mesmo Maps ou Gmail.
Twitter, Facebook e Instagram também são bloqueados.

As pessoas usam o Baidu para pesquisas e mapas. Eu tentei mas é uma porcaria. Não achei no site a opção para mudar de ideogramas para inglês.

CENSURA

Lembrar que estamos numa ditadura é fácil. O tempo todo o endeusamento ao Mao Tsé Tung é presente. Cartazes, placas, camisetas, propaganda, parece até um filme do Joseph Goebels.

As pessoas não sabem o que aconteceu na Praça da Paz Celestial. Todos os jornais são do governo, tudo é censurado. Até os guias turísticos são doutrinados pelo partido.

Quando falei que estávamos protestando para que a nossa presidente renunciasse ao cargo eles não conseguiam conceber essa idéia. O país tem 5.000 anos mas nunca passou por um período de democracia, eles não sabem o que é isso.
(inscrição no alto da muralha diz: seja leal ao Mao Tsé Tung)

MANDARIM

Ler e escrever em chinês é um trabalho hercúleo. Cada ideograma representa uma palavra. Para começar a ler e escrever é necessário aprender em torno de 2.000 ideogramas.

Embora o Mandarim seja a língua oficial, vários dialetos são falados. No Sul, a região mais rica, se fala cantonês e não mandarim.

Vejo que a escrita deles realmente é uma barreira para que possam se tornar líderes mundiais. Talvez uma grande simplificação do mandarim ou mesmo passar a adotar o alfabeto romano seja uma passo à ser tomado nos próximos 20 anos.

INGLÊS

Poucas pessoas falam inglês e somente algumas coisas estão escritas em alfabeto romano. Mesmo em pontos turísticos e hotéis. Até para pedir comida num McDonalds foi difícil.

Sem guia é impossível viajar, ainda mais se for sair da rota padrão, como foi meu caso.

Contudo hoje, para se formar em uma universidade, é preciso passar no teste de inglês. Os jovens e as próximas gerações estão mudando isso por completo.

COMPRAS

Embora todos os eletrônicos do mundo sejam fabricados por lá, não é barato comprar laptop, tablet ou celular. Somente as marcas chinesas tem subsídios do governo e preços mais acessíveis. Roupas idem.

TRÂNSITO

O trânsito é uma grande loucura. A regra é a contrária dos outros países: a preferência é do maior veículo. E o pedestre está em último lugar.

O principal meio de locomoção são as motos elétricas. Vi uma 0km à venda por 1.800 Yuan, ou R$ 900. As motos elétricas não precisam de registro, placa, carteira de motorista ou seguro. É comprar e sair andando.

E embora seja proibido andar na calçada, essas motos não estão nem aí. Vão pela calçada buzinando pros pedestres saírem da frente.

É uma zona, buzina o tempo inteiro. Mas por incrível que pareça, não vi acidentes.

CONCLUSÃO

A China é uma terra de contrastes. É um país crescendo e em grandes mudanças. A população deseja muito enriquecer e o governo está um pouco preocupado em civilizar seu povo (a geração dos mais velhos é grosseira e porca).

O comunismo existe apenas na teoria. O capitalismo é selvagem e o dinheiro compra tudo. Tudo mesmo.

O comunismo de faz de conta, a censura e até mesmo o crescimento econômico, são armas que o Partido Comunista está usando para se manter no poder. A população está feliz com o crescimento e enquanto a economia estiver bem, o governo não será contestado.

Fique com a impressão de que o crescimento chinês e o poder do PC ainda vão durar mais uns 20 anos. Ainda que hajam percalços neste caminho.

A China dominar o mundo é uma questão de tempo.

 
Agricultura de subsistência no interior e grandes metrópoles na costa


terça-feira, 7 de abril de 2015

Liquidez - Ultimo Memo do Howard Marks

Alguns insights do ultimo Memo do Howard Marks:


LIQUIDEZ

Liquidez pode ser definida como: "O grau com o qual um ativo pode ser comprado ou vendido no mercado, sem afetar seu preço." 

O critério principal não e' "você consegue vende-lo?" Mas sim se "você consegue vende-lo por um preço igual ao próximo ao ultimo preço praticado?"

Liquidez e' efêmera, ela vem e vai. Um dia pode ser difícil comprar e fácil vender, no próximo pode ser o contrario.

Normalmente há liquidez para aqueles que desejam comprar algo que esta caindo de preço ou então vender algo que esta subindo. Isso e' muito bom, já que normalmente esse e' o jeito certo de agir. Mas porque nesses casos a liquidez e' abundante? Simplesmente porque a maioria dos investidores esta' querendo fazer exatamente o oposto.

Pode custar caro assumir que sera fácil ou indolor sair de um ativo, especialmente se o preço deste ativo começar a cair.


Sempre fico impressionado quando jornalistas dizem "as acoes subiram hoje porque o lucro das companhias foi maior que a previsão dos analistas." Como eles poderiam saber disso? Onde e' que todas as pessoas que estão comprando registram os seus motivos, para que a mídia possa discerni-los tao facilmente.

Há somente uma explicacao indiscutível de porque os mercado subiram num dia qualquer: havia mais compradores do que vendedores.

Uma semente de plano para investir e': Vender aquilo que as pessoas estão disputando para ter e comprar aquilo que eles estão loucos para dispensar. Parece uma boa ideia, não? E e', chamado por investidores de: contrarianism.

Existe um pensamento hoje nos mundo dos fundos que comprar ativos não líquidos traz retornos maiores. Mas essa estrategia não e' boa per se. Aguentar a falta de liquidez só vale a pena se o retorno obtido compensar isso. 

O outro lado também e verdadeiro. Liquidez não vem de graça. Liquidez tem um preço, que normalmente e' diminuir os retornos. 

Uma pessoa que tivesse grandes parte de seu patrimônio em dinheiro, teria tido bons retornos em 1990, 2002 e 2008. Mas e nos outros 19 dos últimos 25 anos?

Penso que a melhor forma de lidar com liquidez e' pensar no portfolio em camadas, dividindo elas em termos de liquidez.

Nos últimos anos tenho expressado minha visão de que os investidores foram tentados a tomar mais risco devido aos juros baixos estimulados pelos Bancos Centrais.

Atualmente preocupa-me muito os ETFs e Fundos Com Alta Liquidez que foram criados nos últimos anos. Como eles vão se comportar no próximo evento em que faltar liquidez?

Nenhum veiculo de investimento deve prometer mais liquidez do que a dos próprios ativos que carrega.

Em resumo, não há margem para duvidas: liquidez pode ser transitória e paradoxal. E' abundante quando você não se importa e rara quando você mais precisa.

A melhor preparacao para a falta de liquidez e':

  • Comprar ativos abaixo de seu valor instrinseco, que pode ser carregados por um longo período (no caso de dividas, ate o vencimento). Nesse caso, ainda que acabe a liquidez
  • Ter certeza que você possua poucas dividas e tenha perspectiva de longo prazo, podendo esperar períodos mais longos se necessário.

E o pior para se fazer e': a) fazer trading com expectativas de curto prazo; b) focar no que o mercado diz que seu ativo vale, ao invés de chegar na sua Propriá conclusão de valor; c) comprar alavancado.


Howard Marks - Liquidity - 25/04/2015.


Infelizmente minha conexão aqui não tem teclado em português, então contem vários erros....


quarta-feira, 1 de abril de 2015

Aprendizado

Quandro criei esse blog pensava que seria bom ter o hábito de escrever sobre investimentos para meu próprio benefício. 

Escrever é uma forma de ordenar o pensamento, clarear as idéias e relembrar aquilo que se aprendeu.

Os grandes investidores dizem que a partir de um ponto, o dinheiro deixa de ser importante, valendo mais como um placar para medir se estão fazendo a coisa certa. E o objetivo é sempre aprender mais para cometermos menos erros, natural do ser humano...

Uma das coisas que aprendi foi com Mohnish Pabrai, ele diz: "copie os investidores de sucesso".

Por causa desse ensinameto, há algum tempo comprei ações de uma empresa motivado por um investidor que admiro. Infelizmente, agora soube que ele saiu da posição, com uma perda de quase 80%.

Fiquei triste e decepcionado com isso. Não posso por a culpa nele, comprei a ação porque quis e ninguém me obrigou ou tentou me vender isso. Foi decisão minha.

Contudo, foi desmotivante ver um fracasso se materializando na minha frente e ser puxado junto.

Hoje tenho que olhar esse investimento de outro ângulo: se eu não tivesse ações desta empresa, compraria pelo preço atual? Se a resposta for positiva, não devo vender.

Ademais, há uma coisa que aprendi com um dos melhores amigos do Mohnish, o também gestor Guy Spier, que tem a seguinte regra: "Se uma ação despencar após você comprá-la, não venda por pelo menos 2 anos."

Uma função desta regra é garantir que a empresa tenha tempo de passar pela fase ruim. Mas também é uma espécie de punição refletiva, fazendo com que você fique com a ação e reflita qual foi o erro ao tê-la comprado.

O outro lado é que muitas vezes ficamos com negócios ruins, simplesmente para não nos desfazermos dele e aceitarmos o prejuízo.

Por hora vou aceitar a regra do Guy Spier. Ainda falta um longo caminho para que eu possa estar preocupado apenas com o placar, mas é somente adquirindo conhecimento agora que posso chegar lá.


terça-feira, 24 de março de 2015

Longo Prazo

O excelente Ben Carlson, do blog Wealth of Common Sense escreveu um pouco sobre o que é longo prazo.

No mercado financeiro, longo prazo costuma ser considerado algo próximo de 5 anos ou mais.
Contudo, nos negócios e na vida isso não é um prazo muito longo. Só para exemplificar, o Iphone 1 foi lançado 8 anos atrás...

E mesmo no mercado financeiro, as Ações são imprevisíveis em períodos curtos.

Vejam o gráfico do artigo: considerando períodos de apenas 1 ano, os retornos do S&P 500 foram muito voláteis. Negativos em quase 1 em cada 4 anos e com volatilidade média de 21%.



Já quando consideramos períodos mais longos, no caso o retorno acumulado de 5 anos, a coisa melhora muito: apenas 1 em cada 8 período de cinco anos foi negativo.


E naquilo que eles consideram longo prazo mesmo, que períodos de 30 anos, vê-se que não houve nenhum momento negativo. Nesses prazos, o menor rendimento foi de 7,4% e o maior de 14,6% ao ano.






sexta-feira, 6 de março de 2015

Magic Formula

Existe um livro muito conhecido chamado The Little Book That Beats the Market, onde seu autor apresenta a "Magic Formula": uma fórmula matemática para ganhar do mercado de ações.

A "Fórmula" consiste em buscar as ações que possuam ao mesmo o menor EV/EBITDA e o maior ROIC.
É um método interessante, especialmente para quem não pode dedicar muito tempo às análises das cias.

Um blog que trata bastante sobre esse assunto, o Barganhas da Bolsa.

No seu último post ele fala sobre um teste para descobrir se a "Fórmula Mágica" funciona no Brasil. Abaixo reproduzo parte do post:



Mas será que esse método pode ser aplicado no Brasil?
...Em um estudo realizado no ano passado pela FGV-SP, o autor Rodolfo Zeidler mostrou que de janeiro de 2003 a maio de 2014 a carteira hipotética com ações selecionadas pelos critérios da Magic Formula (como Greenblatt batizou seu método) teve um desempenho muito superior ao do Ibovespa.

No período, vemos acima que o principal indicador da bolsa brasileira cresceu 400% (a uma taxa anual média de 14,1%). Nada mal levando em conta a forte queda de 2008, não? No entanto, nem se compara com o desempenho das 10 ações selecionadas pela nossa fórmula. Nesses mesmos onze anos e meio apresentaram uma alta de 1.500%, a uma taxa média de 27,7% por ano.O autor fez ainda uma versão com somente as cinco primeiras ações indicadas pela fórmula. Nesse caso a disparidade é ainda maior, com um retorno absoluto de cerca de 2.300% no período (31,3% ao ano). Vale ressaltar no entanto que nesse caso a volatilidade da carteira aumenta, devido ao menor grau de diversificação.
 via Barganhas da Bolsa

domingo, 1 de fevereiro de 2015

John Maynard Keynes

Keynes, além de economista famoso, foi um investidor de sucesso. Adotava uma combinação de value investing com focus investing, concentrando em poucos investimentos.

Em 1938 ele publicou os princípios de investimentos de seu Chest Fund:

1. Seleção cuidadosa de poucos investimentos, tendo em conta o seu preço em relação ao seu provável valor intrínseco atual ou potencial futuro, comparado às alternativas de investimento disponíveis.

2. Manter a firmeza nessas grandes proporções dos investimentos, pelos períodos de seca ou fartura, inclusive por vários anos se preciso, até que ela tenham cumprido suas promessas ou então torne-se evidente que foram um erro.

3. Uma posição de investimentos equilibrada, considerando riscos diversificados, indiferente das posições adotadas serem grandes e, se possível, com riscos não convergentes.


Diversificação faz muito pouco sentido se você sabe o que está fazendo. Ela funciona muito mais como um "seguro" contra ignorância.
Warren Buffett